A Trabalhadora Negra em Debate: imbricações biográficas na produção acadêmica de Administração – PARTE 2

Desde a antiguidade, o homem era visto como o provedor do lar, detentor dos chamados “bons costumes”. Era, o vetor principal da força de trabalho, normalmente exercida em ambientes profissionais, estranho ao doméstico. Em contrapartida, a mulher era concebida como um ser dotado de fragilidade, ativamente submissa e obediência e era responsável pelo zelo do lar e ensino dos valores familiares aos filhos. O estudo e o trabalho eram vetados à mulher, pois tais práticas eram malvistas pela sociedade e feriam a honra da respeitada família tradicional. A desvalorização da imagem da mulher negra em função de padrões sociais embasados em ideologias racistas é proveniente de um período  escravista que se perpetua nos dias atuais.  A adoção de termos pejorativos e a erotização do corpo negro, além das  premissas em torno da mulher negra e sua capacidade de realizar de práticas laborais  extenuantes e desgastantes demonstram que apesar de serem livres perante a sociedade, estão aprisionadas em correntes de um passado que as impede de progredir em sua vida profissional, levando portanto a necessidade de se compreender os fatores que dificultam a inserção da mulher negra no mercado de trabalho, além de compreender como estas mulheres são retratadas diante as perspectivas da Academia de Administração. A parte 2 dessa pesquisa pretende explorar as histórias de vida das pesquisadoras e pesquisadores do tema da mulher negra trabalhadora na área de Administração e compreender as imbricações do fazer científico com suas trajetórias, biografias e lutas pessoais e sociais. Tal proposta busca não somente ampliar o conhecimento acerca da produção sobre a temática da mulher negra trabalhadora, mas também contribuir para a compreensão dos inter-relacionamentos entre o fazer científico e as histórias de vida dos pesquisadores, enfrentando o axioma da neutralidade científica. Entender que o fazer científico encontra reverberações pessoais, para além dos princípios da racionalidade, eficiência e progresso é recolocar a questão da ciência como um fazer social, portanto, político.

PALAVRAS-CHAVE: Feminismo negro, Racismo , Mulher Negra , Mercado de Trabalho.

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